quarta-feira, 7 de abril de 2010

Etapa 04 - Literatura de Informação - Passo 03

Passo 03

A literatura de José de Anchieta é conhecida por várias obras, mas as que mais se destacam são os autos (teatro), e as poesias, muitas vezes escritas em mais de uma língua incluindo o tupi, que era a linguagem falada pelos índios nativos, da qual, herdamos muitas palavras, pois, José de Anchieta escreveu uma gramática em Tupi.
Os autos eram realizados como uma forma de catequizar e moralizar tanto os índios nativos, quanto os brancos colonos. Também tinham a função pedagógica e didática, ao passo que, o teatro segue os princípios fundamentais do catolicismo, que, naquela época era muito fortes na Europa e muito bem representados por José de Anchieta em seus autos, no qual o tema central eram os valores morais, e, também a vitória do bem contra o mal. Essas encenações tinham participações dos índios, colonos, e de jesuítas, que contavam ainda, com a participação da platéia na hora dos cantos e da dança, de forma a atraí-los na participação das peças de teatro. O cenário era sempre à beira-mar, porém não tinha a participação da mulher. Por vezes, o “mal” ganhava adaptações que eram representados por divindades indígenas dentro do contexto católico. Vê - se em (“Auto Representado na Festa de São Lourenço”.).
Guaixará
Para isso
com os índios convivi.
Vêm os tais padres agora
Com regras fora de hora
Pra que duvidem de mim.
Lei de Deus que não vigora.
Pois aqui
Tem meu ajudante-mor,
Diabo bem requeimado,
meu bom colaborador:
Grande Aimbirê, perversor
Dos homens, regimentado.

Nesse trecho, José de Anchieta usa divindades indígenas como prática pagã, e com a função de catequização e desmistificação dos deuses indígenas , todavia, o mal aqui representado pela divindade indígena, precisa ser vencido pelo representado em outro trecho; São Sebastião (santo) que sai em defesa de seus fiéis (índios e colonos brancos).

São Sebastião
Quem foi que insensatamente,
um dia ou presentemente?
os índios vos entregou?
Se o próprio Deus tão potente
Deste povo em santo ofício
corpo e alma modelou!

A poesia de José de Anchieta tinha a mesma função religiosa que os autos, na qual a moralidade e religiosidade eram vista com devoção; os versos eram redondilhas e, traziam também a devoção mariana e a esperança no ser humano através da fé cristã. Ambos tinham o intuito de catequizar e civilizar tanto índios quanto os colonos brancos que viviam na aldeia. A figura humana na poesia de Anchieta é bastante presente como podemos ver no trecho do poema: “Poema da Virgem”
Por que ao profundo sono, alma, tu te abandonas,
e em pesado dormir, tão fundo assim ressonas?
Não te move a aflição dessa mãe toda em pranto,
que a morte tão cruel do filho chora tanto?
O seio que de dor amargado esmorece,
ao ver, ali presente, as chagas que padece?
Onde a vista pousar, tudo o que é de Jesus,
ocorre ao teu olhar vertendo sangue a flux.

O trecho mostra o sofrimento da mãe ao ver seu filho sendo crucificado. Uma referência cristã, do sofrimento de Maria ao ver Jesus sendo crucificado e morto na cruz. O poema mostra a devoção mariana de José de Anchieta.
Já, as literaturas de informações, tinham o objetivo de relatar e descrever as descobertas durante as viagens, atreladas ao grande objetivo colonizador da coroa portuguesa. Através das cartas, eram feitos relatos de como eram os povos recém-descobertos, dos recursos minerais supostamente existentes, da fauna, vegetação, dos índios, tudo feito com muita exaltação, para que fosse criada certa curiosidade nos europeus. As autoridades eclesiásticas também as escreviam, visto que, era necessário fazerem relatos do progresso de catequização e de civilização dos nativos, uma vez que, essa era uma tarefa destinada aos jesuítas que, faziam parte da Companhia de Jesus ligada à coroa portuguesa; da qual José de Anchieta fazia parte. Contudo, os autos, as poesias, e mesmo as cartas eram escritas para receber autoridades visitantes ao país recentemente descoberto para mostrar um povo submisso à coroa portuguesa. Assim, José de Anchieta vivia nessas duas bipartições, ou seja, tanto intelectualmente com seus poemas e autos de esfera medieval, quanto religiosamente visando o Novo Mundo, através da conquista de novos fiéis.
Fonte:
http://www.iportais.com/quinhentismo.html

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