quarta-feira, 9 de junho de 2010

Etapa 8 - Passo 1

SE SE MORRE DE AMOR!

Meere und Berge und Horizonte zwischen
den Liebenden – aber die Seelen versetzen
sich aus dem staubigen Kerker und treffen
sich im Paradiese der Liebe.
schiller, die räuber

Se se morre de amor! — Não, não se morre,
Quando é fascinação que nos surpreende
De ruidoso sarau entre os festejos;
Quando luzes, calor, orquestra e flores
Assomos de prazer nos raiam n'alma,
Que embelezada e solta em tal ambiente
No que ouve, e no que vê prazer alcança!
Simpáticas feições, cintura breve,
Graciosa postura, porte airoso,
Uma fita, uma flor entre os cabelos,
Um quê mal definido, acaso podem
Num engano d'amor arrebatar-nos.
Mas isso amor não é; isso é delírio,
Devaneio, ilusão, que se esvaece
Ao som final da orquestra, ao derradeiro
Clarão, que as luzes no morrer despedem:
Se outro nome lhe dão, se amor o chamam,
D'amor igual ninguém sucumbe à perda.
Amor é vida; é ter constantemente
Alma, sentidos, coração — abertos
Ao grande, ao belo; é ser capaz d'extremos,
D'altas virtudes, té capaz de crimes!
Compr'ender o infinito, a imensidade,
E a natureza e Deus; gostar dos campos,
D'aves, flores, murmúrios solitários;
Buscar tristeza, a soledade, o ermo,
E ter o coração em riso e festa;
E à branda festa, ao riso da nossa alma
Fontes de pranto intercalar sem custo;
Conhecer o prazer e a desventura
No mesmo tempo, e ser no mesmo ponto
O ditoso, o misérrimo dos entes;
Isso é amor, e desse amor se morre!
Amar, e não saber, não ter coragem
Para dizer que amor que em nós sentimos;
Temer qu'olhos profanos nos devassem
O templo, onde a melhor porção da vida
Se concentra; onde avaros recatamos
Essa fonte de amor, esses tesouros
Inesgotáveis, d'ilusões floridas;
Sentir, sem que se veja, a quem se adora,
Compr'ender, sem lhe ouvir, seus pensamentos,
Segui-la, sem poder fitar seus olhos,
Amá-la, sem ousar dizer que amamos,
E, temendo roçar os seus vestidos,
Arder por afogá-la em mil abraços:
Isso é amor, e desse amor se morre!
Se tal paixão porém enfim transborda,
Se tem na terra o galardão devido
Em recíproco afeto; e unidas, uma,
Dois seres, duas vidas se procuram,
Entendem-se, confundem-se e penetram
Juntas — em puro céu d'êxtases puros:
Se logo a mão do fado as torna estranhas,
Se os duplica e separa, quando unidos
A mesma vida circulava em ambos;
Que será do que fica, e do que longe
Serve às borrascas de ludíbrio e escárnio?
Pode o raio num píncaro caindo,
Torná-lo dois, e o mar correr entre ambos;
Pode rachar o tronco levantado
E dois cimos depois verem-se erguidos,
Sinais mostrando da aliança antiga;
Dois corações porém, que juntos batem,
Que juntos vivem, — se os separam, morrem;
Ou se entre o próprio estrago inda vegetam,
Se aparência de vida, em mal, conservam,
Ânsias cruas resumem do proscrito,
Que busca achar no berço a sepultura!
Esse, que sobrevive à própria ruína,
Ao seu viver do coração, — às gratas
Ilusões, quando em leito solitário,
Entre as sombras da noite, em larga insônia,
Devaneando, a futurar venturas,
Mostra-se e brinca a apetecida imagem;
Esse, que à dor tamanha não sucumbe,
Inveja a quem na sepultura encontra
Dos males seus o desejado termo!

Os elementos contidos no poema são típicos da 2ª geração, ou seja, do ultra- romantismo, uma vez que, estavam sob forte influência clássicas (numa volta às origens medievalistas), no qual o autor se inspirou no estilo byroniano, de modo que, o lírico-amoroso fica caracterizado pelo amor impossível e exagerado; e, a presença da epígrafe no início do poema nos remete ao estado de sentimento melancólico em que eu-lírico se encontra, esses sentimentos, por vezes, são confundidos com suas experiências mal-sucedidas.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Etapa nº 08 - Romantismo no Brasil - Passo 02

O romantismo faz resgate de diversas tendências de movimentos passados, inclusive do trovadorismo com suas novelas cavalarias. O romantismo brasileiro, por sua vez, faz reaproveitamento de temas que são europeus, criando versões compatíveis com o universo da colônia.
Desse modo, a exaltação da natureza e da figura do índio no romantismo brasileiro substitui o resgate dos temas medievais do romantismo europeu. Esse é o primeiro paralelo que podemos traçar entre o romance "Iracema", de José de Alencar, e "Tristão e Isolda", da tradição celta.
O romance vivido pela índia Iracema, filha do pajé, e de Martin Soares Moreno acontece em moldes similares do romance entre o princípe Tristão e a princesa Isolda.
Ambos os casais pertencem a povos diferentes que vivem um conflito e se conhecem sob circunstâncias tensas. Iracema conhece Martin em uma situação de perigo, entretanto, o acolhe logo depois. Isolda acolhe Tristão sem saber que seus povos estavam em guerra e que ele havia matado o campeão de seu reino. Nos dois romances, o interesse amoroso se dá quase de forma instantânea e os relacionamentos existem também sob circunstâncias adversas.
A relação entre a bebida alucinógena de Jurema que Iracema usa e o filtro do amor que a mãe de Isolda prepara e que acaba juntando Isolda à Tristão é muito curiosa. As poções unem os dois casais e ocupam um ponto central na trama e no relacionamento deles.
Nos dois romances, há muitos confrontos girando em torno do casal, sendo causados ou não por eles. A inimizade que nasce entre Tristão e seu tio, bem como a necessidade de Martin ter de enfrentar Irapuã e posteriormente os membros da tribo de Iracema, são elementos paralelos dos romances.
O fim trágico das histórias traça também a relação entre elas por indicar a impossibilidade do amor e fortalecer o conceito romântico reciclado da idéia do amor platônico que o amor para ser verdadeiro ele não deve ser realizado, deixando explícita a crença de que o amor paixão é intenso e inconseqüente, levando os amantes a um fim trágico e inevitável.
Não se pode esquecer que os dois romances também partilham a noção de lenda, ambos buscando contar tristes histórias de amor com fundo histórico e que fazem parte da identidade cultural de povos.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Etapa 7- Passo 2

Passo 2 -

“Trata-se de um romance, de um drama — cuidas que vamos estudar a história, a natureza, os monumentos, as pinturas, os sepulcros, os edifícios, as memórias da época? Não seja pateta, senhor leitor, nem cuide que nós o somos. Desenhar caracteres e situações do vivo na natureza, colori-los das cores verdadeiras da história... isso é trabalho difícil, longo, delicado, exige um estudo, um talento, e sobretudo um tato!...”
No trecho acima o autor Almeida Garrett, estabelece uma narrativa, na qual , situa o leitor em sua prosa. Além disso, mantém esse contato através de uma linguagem popular, as tensões românticas fica na fuga da cidade por meio de suas viagens como no trecho que se inicia o capítulo 5: ”Chega o A. ao pinhal da Azambuja e não o acha. Trabalha-se por explicar este fenômeno pasmoso. Belo rasgo de estilo romântico. — Receita para fazer literatura original com pouco trabalho. — Transição clássica: Orfeu e o bosque de Mênalo. — Desce o A. destas grandes e sublimes considerações para as realidades materiais da vida: é desamparado pela hospitaleira traquitana e tem de cavalgar na triste mula de arrieiro. Admirável choito do animal. Memória do Marquês de F. que adorava o choito.”; assim, o real se mistura com o fictício de suas viagens pessoais dando ao leitor impressões de que o que se lê é real.
No capítulo 6 , o autor faz uso de digressões biográficas para afirmar a realidade das viagens e quando se refere a outras de suas obras, como no trecho que se inicia o capítulo: “Prova-se como o velho Camões não teve outro remédio senão misturar o maravilhoso da mitologia com o do Cristianismo. — Dá-se razão, e tira-se depois ao Padre José Agostinho. — No meio destas dissertações acadêmico-literárias vem o A. a descobrir que para tudo é preciso ter fé neste mundo. Diz-se neste mundo, porque, quanto ao outro já era sabido. — Os Lusíadas, o Fausto e a Divina Comédia — Desgraça do Camões em ter nascido antes do Romantismo. — Mostra-se como a Estige e o Cocito sempre são melhores sítios que o Inferno e o Purgatório. — Vai o A. em procura do Marquês de Pombal, e dá com ele nas ilhas Beatas do poeta Alceu. — Partida de uíste entre os ilustres finados. — Compaixão do Marquês pelos pobres homens de Ricardo Smith e J.B. Say. — Resposta dele e da sua luneta às perguntas peralvilhas do A. — Chegada a este mundo e ao Cartaxo.”; a tensão clássica fica por conta da linguagem utilizada por todo capítulo.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Viagens na Minha Terra

Etapa nº 7
Passo 1
Essa prosa tem como referência dois dos mais variados estilos como o novelesco e o real. Foi um marco na carreira de Almeida Garrett e é composta de duas etapas. Ele consegue enriquecer sua obra mesclando outras obras como: Napoleão, Shakespeare e Camões.
Para Antônio José Saraiva, os conflitos políticos e as alterações na estrutura social nos inícios do séc. XIX tiveram como resultado significativo o conceder à burguesia e às camadas populares uma importância cada vez maior. É uma nova atitude perante a vida que surge, arrastando consigo uma nova concepção de literatura. A vida do escritor decorre agora em novos ambientes democratizados: círculos e tertúlias literários, cafés, salões literários, redações de jornais. O mecenato está em decadência e o escritor começa a sentir a existência de um público, a considerar as suas necessidades e exigências. É neste aspecto que se afirma que “o Romantismo é, na sua raiz, o resultado do acesso das massas burguesas à literatura”

domingo, 30 de maio de 2010

Etapa nº 07 - Romantismo - Passo 03

Passo 03


Os dois romances são preenchidos de obstáculos e fadados a um fim trágico desde o início, com muitas notas fatalistas.
O amor nasce em meio a uma rivalidade entre famílias e depois se torna proibido por causa das convenções sociais existentes. No caso de Tristão e Isolda, o casamento dela com o tio de Tristão proibe o romance deles e, no caso de Simão e Teresa, o desejo do pai da moça em casá-la com outro vem para obstar seu relacionamento.
Há muitas atitudes desesperadas em ambas histórias, como encontros arriscados e secretos e confrontos violentos, além de períodos onde os amantes são afastados e caem em doenças e depressões que prometem ceifar-lhes a vida.
Tanto o casal medieval quanto o romântico busca encontrar-se as escondidas, tem desejos de fugir e contam com a ajuda de terceiros para comunicar-se e ocultar seus romances.
Apesar das particularidades dos momentos históricos, os personagens são caracterizados com similaridades.
Simão é mostrado como um rapaz aguerrido e de pensamentos revolucionários, porém brando e dócil para o amor, disposto a sacrifícios e loucuras por seu amor, o herói do romantismo ideal. Tristão, de modo similar, é descrito como nobre e valente, e o ideal do cavaleiro medieval, cristão e puro.
Teresa é uma jovem amável e crente no amor, leal aos seus sentimentos por Simão, lutando por eles até o fim, do mesmo modo que Isolda. Nenhuma delas teme a morte ou desagradar pessoas próximas com sua decisão.
O desfecho trágico dos dois romances encerra em si o conceito de que o amor intenso, apaixonado e verdadeiro não é para durar ou mesmo existir.

sábado, 22 de maio de 2010

Etapa 6 Passo 1 e 3

Passo 1

A partir da leitura dos três sonetos abaixo, indique e justifique em que linha da obra de Bocage, dentre as que acabamos de descrever, cada um deles se enquadraria.
Sonetos:
Oh retrato da morte, oh Noite amiga
Por cuja escuridão suspiro há tanto!
Calada testemunha de meu pranto,
De meus desgostos secretária antiga!

Pois manda Amor, que a ti somente os diga,
Dá-lhes pio agasalho no teu manto;
Ouve-os, como costumas, ouve, enquanto
Dorme a cruel, que a delirar me obriga:

E vós, oh cortesãos da escuridade,
Fantasmas vagos, mochos piadores,
Inimigos como eu, da claridade!

Em bandos acudi aos meus clamores;
Quero a vossa medonha sociedade,
Quero fartar meu coração de horrores.

Esse soneto apresenta características do tema 2; por falar de angústia, temas noturnos e mortuários, considerando-o pré-romântico visto que, essas são características encontradas num romance; como no verso a seguir: Oh retrato da morte, oh Noite amiga / Por cuja escuridão suspiro há tanto!/ Calada testemunha de meu pranto, / De meus desgostos secretária antiga
Olha, Marília, as flautas dos pastores,
que bem que soam,como estão cadentes!
Olha o Tejo a sorrir-se! Olha: não sentes
os Zéfiros brincar por entre as flores?

Vê como ali, beijando-se, os Amores
incitam nossos ósculos ardentes!
Ei-las de planta em planta as inocentes,
as vagas borboletas de mil cores!

Naquele arbusto o rouxinol suspira;
ora nas folhas a abelhinha pára,
ora nos ares, sussurrando, gira.
Que alegre campo! Que manhã tão clara!
Mas ah!, tudo o que vês, se eu não te vira,
mais tristeza que a noite me causara.

Esse soneto trata-se de um tema bucólico, que indica um lugar ideal e sossegado com uma natureza perfeita, tranquila e própria para o encantamento amoroso, além disso, ele marca bem a presença do recurso locus amoenus e do recurso carpe diem (aproveitar o dia, o gozar agora) que está presente nos versos: “Naquele arbusto o rouxinol suspira;/ ora nas folhas a abelhinha pára, /ora nos ares, sussurrando, gira. /Que alegre campo! Que manhã tão clara!/ Mas ah!, tudo o que vês, se eu não te vira, /mais tristeza que a noite me causara”.

Levanta Alzira os olhos pudibunda
Para ver onde a mão lhe conduzia;
Vendo que nela a porra lhe metia
Fez – se mais do que o nácar rubicunda:

Toco o pentelho seu, toco a rotunda
Lisa bimba, onde Amor seu trono erguia;
Entretanto em desejos ardia,
Brando licor o pássaro lhe inunda:

“mais depressa” - lhe digo então morrendo,
Enquanto ela sinais do mesmo dava;
Mística pívia assim fomos comendo.

No soneto acima, tem como característica vocabulários chulos com o objetivo ofensivo de rebaixar a pessoa citada. Para isso, o autor faz uso de uma linguagem chula, mas , também causa riso nas pessoas que o leem. E, embora seja um soneto satírico o autor mantêm estilo e sofisticação na escolhas das palavras caracterizando – o como soneto como visto nos versos: “Enquanto ela sinais do mesmo da; / Mística pívia assim fomos comendo”.


Passo 3 - Em sua Formação da Literatura Brasileira Antonio Candido compreende a “literatura” como uma forma de “sistema”. Os fatores necessários para a formação de tal sistema e, portanto, essenciais para a existência do que entende como sendo “literatura” seriam: o público, os escritores e as obras. Por isso, segundo esse ponto de vista, o primeiro momento histórico-literário no Brasil que conseguiu definir de fato uma prática literária foi o Arcadismo. Explique quais os motivos que levaram Antonio Candido, em seu texto “A dois séculos d’O Uruguai”, a considerar a obra de Basílio da Gama (1740-1795) como sendo uma espécie de anti-epopéia? Qual elemento Candido considera que acaba salvando o poema, pelo fato de passar a ocupar o primeiro plano, mesmo que a princípio aparecesse como um mero pretexto?

Embora o poema seja apresentado como uma epopéia, ele não tem sua estrutura. O herói General Gomes não é representado como o típico herói épico e, não há um confronto explícito entre o bem o mal como em Os lusíadas de Camões. Os índios no poema são caracterizados como “o maravilhoso”, e, os jesuítas como os verdadeiros vilões da história por estarem na ilegalidade. O foco principal tratado por Basílio da Gama recai sobre o embate e o questionamento dos valores civilizados e primitivos, ou seja, um choque entre a cultura européia e a cultura primitiva dos índios, que eram os reais donos do território. Assim, Antonio Candido o considera um poema histórico, lírico e didático, visto que, traz características do nacionalismo indígena, característica essa que acaba salvando o poema na opinião de Antonio Candido, pois, se trata de forma indireta, a crítica do processo de colonização do europeu no Novo Mundo. O Uraguai, então, passa a ser visto e considerado como um momento importante na tomada de consciência do Brasil pela literatura que lança as bases do indianismo.



sexta-feira, 21 de maio de 2010

Etapa nº 06 - Arcadismo - Passo 04

"Caramuru" é um poema épico de dez cantos nos moldes de "Os Lusíadas", que conta a história de Diogo Álvares Correia, que naufragou na costa da Bahia e foi resgatado por índios Tupinambás. Ao ajudar a tribo durante um ataque de índios inimigos, Diogo é tido como um enviado por Tupã e herói. Ao impressioná-los pelo uso da espingarda, foi chamado de "Caramuru", cujo significado pode ser "moréia" ou "dragão do mar" ou ainda "filho do trovão".
Por estabelecer essa boa relação com a tribo, ele começa a catequizar os Tupinambás e a receber a obediência deles.
Posteriormente, ele se destaca em um novo conflito causado pela disputa do amor de Paraguaçu, entre os Caetés e os Tupinambás. Dominando o inimigo, Diogo recebe Paraguaçu como esposa e forma uma igreja em uma gruta próxima, para que os índios pratiquem a fé cristão.
Mais tarde, salva uma nau espanhola e depois volta para Europa, levando Paraguaçu consigo, onde, na França, ela é batizada recebendo o nome de Catarina do Brasil.
A epopéia tipifica assim a união entre o povo nativo,tido como brasileiro, e o lusitano, além de glorificar o domínio português sobre os nativos e a terra, mostrando índios submissos e encantados pelo poder e elevando um europeu (emboaba) à status de resgatador filho de deus.
O objetivo do texto é contar a colonização da Bahia e colocar a conversão ao cristianismo como forma de redenção para os nativos indígenas.
Antônio Cândido afirma que a epopéia possui os elementos conflitantes de brandura e dureza, entendendo "movimento" como acontecendo nas passagens que descrevem e exaltam a guerra e a violência, enquanto as "paradas" acontecendo nos trechos que expressam serenidade, piedade e contendo descrições belas e ricas da natureza e de sentimentos.
Segundo Cândido, embora a epopéia tivesse objetivo de exaltar a necessidade de catequizar os índios e de defender a fé católica, seu autor dedicou-se mais às seqüencias que compõe os momentos de movimento, estendendo-se nas descrições e nos detalhes das batalhas. Embora a peça não deva ser divida em duas de forma abrupta, o "movimento", muito mais presente, se torna mais relevante, por deixar explícito os motivos e a preferência do autor, além de fazer com que "Caramuru" se torne uma epopéia de língua de portuguesa independente de "Os Lusíadas".

Etapa nº 06 - Arcadismo - Passo 02

A)

A cançoneta "À Lira desprezo", divide-se entre o movimento arcáde e o romântico. A forma segue os padrões da inutilia truncat, sendo objetivo e sincero, mas a temática triste tem ligações com a melancolia e sentimento de alienação dos românticos. Ainda assim, por girar em torno da Lira, instrumento grego ligado a poesia e música, podemos dizer que existe temática arcádica na cançoneta. Outra característica do arcadismo presente é a inclusão de figuras da mitologia grego-romana. Isto ocorre nas estrofes finais, quando Aracne e Nise são citadas.

Em "Lira IV", as características arcádicas mais evidentes são o locus amoenus e inutilia truncat. O locus amoenus é facilmente perceptível nas descrições da natureza e das imagens criadas de caráter campestre, tranqüilo e propício para o amor. Dentro do locus amoenus encontramos o aurea mediocritas, que é a idéia de viver de forma pacata e suave, sem experiências tensas ou ambições.
A inutilia truncat é facilmente identificável na estrutura do poema, com frases curtas, vocabulário simples e claro, que expressa a falta de necessidade de rebuscar o texto e a possibilidade de sentir-se satisfeito com coisas simples.
A lira também incluí expressões que evocam o pensamento arcádico de aproveitar o dia (carpe diem), por falar da existência e ocorrência de mudanças em nossas vidas.
A lira é belamente escrita, e apesar de transmitir a mensagem de forma simples e enxuta, está carregada de leveza, singeleza e melancolia, esta última abrindo caminho para o período Romântico da literatura.

B)

A cançoneta "à Lira desprezo" é escrita em versos brancos com dois versos rimando entre si em cada estrofe. A métrica alternada dos versos junto das rimas é o que confere musicalidade e ritmo à leitura.

A "Lira IV" possui o refrão "Marília, escuta/Um triste Pastor", que é marca forte e evidente de musicalidade e ritmo. Também, observamos a musicalidade nos versos brancos pelo uso de alguma rimas e a alternação de versos de quatro sílabas poéticas com redondilhas menores, acentuados sempre na 2ª e 5ª sílaba. Esses detalhes criam uma grande fluideza na leitura, evocando o caráter musical da Lira e também a ligação da poesia com música na tradição greco-romana, esta que servia de inspiração para os poeta arcádes.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Etapa nº 5 Barroco Passo 3

A N. Senhor Jesus Christo com actos de arrependimento e suspiros de amor

O soneto trata-se de poesia religiosa.
Porque há como características a religião, o arrependimento e autopunição.
Anadiplose é a figura de linguagem que consiste em repetir a última palavra ou expressão de uma oração ou frase no começo do verso seguinte.
Ofendi-vos, meu Deus, bem é verdade,
É verdade, meu Deus, que hei delinquido,
Delinquido vos tenho, e ofendido,
Ofendido vos tem minha maldade.
Aos afetos, e lágrimas derramadas na ausência da dama a quem queria bem.
Esse soneto trata-se de poesia lírica.
Antítese consiste em duas ideias opostas lado a lado em uma mesma frase.
Pois para temperar a tirania,
Como quis, que aqui fosse a neve ardente,
Permitiu, parecesse a chama fria.
Paradoxo consiste em combinar palavras de sentido oposto que parecem excluir-se mutuamente, mas que, contexto, reforçam a expressão.
Ardor em firme coração partido!
Pranto por belos olhos derramados!
Incêndio em mares de água disfarçado!
Rio de neve me fogo convertido!
Oximoro são figuras que combinam palavras de sentido oposto que parecem excluir-se mutuamente, mas que, no contexto reforçam a expressão.
Incêndio em mares de água disfarçado.
Rio de neve em fogo convertido.
Quiasmo é uma espécie de antítese que consiste no cruzamento de grupos de palavras paralelas, de forma que a 1ª corresponda à 4ª e a 2ª corresponda à 3ª = AB e BA, ou seja, essas palavras são repetidas de forma inversa, de maneira que o final do primeiro segmento é o início do segundo.
Quando fogo, em cristais aprisionado;
Quando cristal, em chamas derretido.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Etapa 5 Barroco - Passo 1

O sermão pelo bom sucesso das armas de Portugal contra as de Holanda foi escrito em uma época, em que, os dois países estavam em conflito, sendo, a retomada do comércio do açúcar produzido na Bahia/Brasil, o principal objetivo da Holanda. Assim, Pe. Antônio Vieira, então, conhecido por sua importante oratória e cultismo, realiza o sermão, rogando a Deus proteção, às pessoas, acerca das consequências que um conflito com os holandeses poderia gerar e atingir diretamente as pessoas com condições desfavoráveis como velhos, crianças, mulheres, enfermos que ali estavam.
Deste modo, a literatura portuguesa deixava de ter recursos europeus para ganhar forças no âmbito colonial, por se tratar de conflitos humanos, mencionando as condições em que as pessoas viviam nas colônias (índios e negros escravos), a defesas dos judeus; sempre argumentados com ideias e conceitos bíblicos, durante os seus sermões que também tinham caráter político, utilizando - se assim, dos recursos jesuíticos em suas obras.

domingo, 2 de maio de 2010

Etapa nº 05 - Barroco - Passo 02

Passo 02

Bento Teixeira usou "Os Lusíadas" de Camões como modelo par construir sua obra. Isto é evidente por causa da estrutura do poema, que foi escrito em oitava rima com versos decassilabos heróicos. Também, a "Prosopopéia" usa uma sintaxe clássica similar aos de "Os Lusíadas", além de seguir o padrão por dividir sua epopéia em seções de proposição, invocação e dedicação.
A novidade que "Prosopopéia" traz, em relação à obra de Camões, tem a ver com o cenário, visto que a história se passa em terras Brasileiras, e também, o tema, visto que descreve os feitos de batalha de Jorge D'Alburqueque e seu irmão contra os mouros na África, incluindo seus apuros na prisão e a morte de Duarte.
"Prosopopéia" narra a vida e as aventuras de Jorge D'Albuquerque Coelho, terceiro donatário da Capitania de Pernambuco, e de seu irmão, Duarte. Os acontecimentos narrados se passam em terras pernambucanas e durante a batalha de Alcacer-Quibir, na África, onde os dois irmãos tiveram grande participação a serviço do Rei. D Sebastião.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Etapa 04 - Literatura de Informação - Passo 01

Passo 01

Alfredo Bosi discorre em sua crítica o quão contraditório é os termos empregados para descrever as ações e atitudes dos que vieram se apossar das terras do Brasil. Embora ele admita que a colonização, palavra que deriva do termo latim colo, inclua um certo grau de dominação, em poucos momentos esta dominação foi dosada ou usada para fins de benefício ao povo colonizado.
A cultura, que vem de épocas muito anteriores, que nasceu em solo preparado, bem lavrado, que nasceu na memória de um povo trabalhador, é a coisa mais estimada por qualquer nação, inclusive pelos portugueses colonizadores da terra, Brasil. Entretanto, estes não tiveram o menor respeito ou cuidado pela cultura dos índios e depois dos negros que capturaram, compraram e trouxeram para o Brasil para serem escravos. Os portugueses davam valor apenas à cultura que eles receberam de seus antepassados, e usavam-na para subjugar a cultura alheia, alegando até que os nativos não possuíam religião.
Apesar de haver um conceito ilusório de que colonizadores e colonizados tenham dado-se bem em terras brasileiras, a realidade existente era oposta e diversa, e mesmo os que se dispunham a proteger e falar a favor dos dominados, em um momento ou outro expressava-se contraditória a causa, como por exemplo muitos religiosos que condenavam a exploração dos índios e por outro lado abençoavam as bandeiras.

Etapa 04 - Literatura de Informação - Passo 02

Passo 2

Ao escrever para o rei D. Manuel, Pero Vaz de Caminha descreveu tudo o que via e achava interessante. Ele relatou que o lugar era lindo, exuberante, as terras eram muito produtivas, pois tiravam delas o próprio sustento e também havia uma imensa quantidade de água doce de excelente qualidade.
Ele falou também da quantidade e diversidade de plantas e de aves que aqui tinham e que provavelmente tivesse muito mais coisas como ouro, prata ou algum outro metal.
A religiosidade era tratada com muito respeito, pois todos se colocavam diante do padre para assistir à missa e mesmo depois de encerrada, os mesmos esperavam uma outra pregação.
As pessoas que aqui habitavam, apesar de viverem nuas e armadas com arcos e setas, eram inocentes, inofensivas e pacíficas. Era gente simples, porém muito feliz e hospitaleira.

Etapa 04 - Literatura de Informação - Passo 03

Passo 03

A literatura de José de Anchieta é conhecida por várias obras, mas as que mais se destacam são os autos (teatro), e as poesias, muitas vezes escritas em mais de uma língua incluindo o tupi, que era a linguagem falada pelos índios nativos, da qual, herdamos muitas palavras, pois, José de Anchieta escreveu uma gramática em Tupi.
Os autos eram realizados como uma forma de catequizar e moralizar tanto os índios nativos, quanto os brancos colonos. Também tinham a função pedagógica e didática, ao passo que, o teatro segue os princípios fundamentais do catolicismo, que, naquela época era muito fortes na Europa e muito bem representados por José de Anchieta em seus autos, no qual o tema central eram os valores morais, e, também a vitória do bem contra o mal. Essas encenações tinham participações dos índios, colonos, e de jesuítas, que contavam ainda, com a participação da platéia na hora dos cantos e da dança, de forma a atraí-los na participação das peças de teatro. O cenário era sempre à beira-mar, porém não tinha a participação da mulher. Por vezes, o “mal” ganhava adaptações que eram representados por divindades indígenas dentro do contexto católico. Vê - se em (“Auto Representado na Festa de São Lourenço”.).
Guaixará
Para isso
com os índios convivi.
Vêm os tais padres agora
Com regras fora de hora
Pra que duvidem de mim.
Lei de Deus que não vigora.
Pois aqui
Tem meu ajudante-mor,
Diabo bem requeimado,
meu bom colaborador:
Grande Aimbirê, perversor
Dos homens, regimentado.

Nesse trecho, José de Anchieta usa divindades indígenas como prática pagã, e com a função de catequização e desmistificação dos deuses indígenas , todavia, o mal aqui representado pela divindade indígena, precisa ser vencido pelo representado em outro trecho; São Sebastião (santo) que sai em defesa de seus fiéis (índios e colonos brancos).

São Sebastião
Quem foi que insensatamente,
um dia ou presentemente?
os índios vos entregou?
Se o próprio Deus tão potente
Deste povo em santo ofício
corpo e alma modelou!

A poesia de José de Anchieta tinha a mesma função religiosa que os autos, na qual a moralidade e religiosidade eram vista com devoção; os versos eram redondilhas e, traziam também a devoção mariana e a esperança no ser humano através da fé cristã. Ambos tinham o intuito de catequizar e civilizar tanto índios quanto os colonos brancos que viviam na aldeia. A figura humana na poesia de Anchieta é bastante presente como podemos ver no trecho do poema: “Poema da Virgem”
Por que ao profundo sono, alma, tu te abandonas,
e em pesado dormir, tão fundo assim ressonas?
Não te move a aflição dessa mãe toda em pranto,
que a morte tão cruel do filho chora tanto?
O seio que de dor amargado esmorece,
ao ver, ali presente, as chagas que padece?
Onde a vista pousar, tudo o que é de Jesus,
ocorre ao teu olhar vertendo sangue a flux.

O trecho mostra o sofrimento da mãe ao ver seu filho sendo crucificado. Uma referência cristã, do sofrimento de Maria ao ver Jesus sendo crucificado e morto na cruz. O poema mostra a devoção mariana de José de Anchieta.
Já, as literaturas de informações, tinham o objetivo de relatar e descrever as descobertas durante as viagens, atreladas ao grande objetivo colonizador da coroa portuguesa. Através das cartas, eram feitos relatos de como eram os povos recém-descobertos, dos recursos minerais supostamente existentes, da fauna, vegetação, dos índios, tudo feito com muita exaltação, para que fosse criada certa curiosidade nos europeus. As autoridades eclesiásticas também as escreviam, visto que, era necessário fazerem relatos do progresso de catequização e de civilização dos nativos, uma vez que, essa era uma tarefa destinada aos jesuítas que, faziam parte da Companhia de Jesus ligada à coroa portuguesa; da qual José de Anchieta fazia parte. Contudo, os autos, as poesias, e mesmo as cartas eram escritas para receber autoridades visitantes ao país recentemente descoberto para mostrar um povo submisso à coroa portuguesa. Assim, José de Anchieta vivia nessas duas bipartições, ou seja, tanto intelectualmente com seus poemas e autos de esfera medieval, quanto religiosamente visando o Novo Mundo, através da conquista de novos fiéis.
Fonte:
http://www.iportais.com/quinhentismo.html

quarta-feira, 31 de março de 2010

Etapa nº 03 - Classicismo - Passos 01 e 02

Etapa nº. 3 - Classicismo

Passo 1

Todos os versos apresentados em Os Lusíadas são decassílabos heróicos com censura na 2ª, ou na 3ª, ou na 4ª, sempre na 6ª e na 10ª sílaba.
A estrofação é em oitava rima que consiste em estrofes de 8 versos rimados sempre da mesma forma ababab alternadas e cc paralelas, ou seja, rimas cruzadas em 6 versos e emparelhadas em 2.

Passo 2

O narrador do primeiro instante é o próprio autor Camões, que se posta prol navegação.

“As armas e os Barões assinalados.
Que da ocidental praia Lusitana
Por mares de nunca antes navegados
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos guerras esforçados
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram”.

Já no segundo instante, quando se trata do Velho do Restelo, o narrador é Vasco da Gama que é contra as navegações.
Ele relata o sofrimento da família, ao ver seus entes queridos partirem sem saber quando e se voltarão.

“Em tão longo caminho e duvidoso
Por perdidos as gentes nos julgavam,
As mulheres cum choro piadoso,
Os homens com suspiros que arrancavam.
Mães, esposas, irmãs, que o temeroso
Amor mais desconfia, acrescentavam
A desesperação e frio medo
De já não tornar a ver tão cedo”.

terça-feira, 30 de março de 2010

Etapa nº 03 - Classicismo - Passo 03

PASSO 3

Transforma-se o amador na cousa amada,
Por virtude do muito imaginar;
Não tenho logo mais que desejar,
Pois em mim tenho a parte desejada.

Se nela está minha alma transformada,
Que mais deseja o corpo de alcançar?
Em si somente pode descansar,
Pois consigo tal alma está liada.

Mas esta linda e pura semideia,
Que, como o acidente em seu sujeito,
Assim co'a alma minha se conforma,

Está no pensamento como ideia;
[E] o vivo e puro amor de que sou feito,
Como matéria simples busca a forma.

“Transforma-se o amador na cousa amada”, neste verso o poeta revela-se no ser, que passa a ser amado, ou seja, ele torna-se no amor puro e verdadeiro que sentia pela sua amada como acontece no amor platônico em que (“o amador”) se torna no objeto (ser) amado, bastando a si mesmo. Enquanto que nos versos: (“Mas esta linda e pura semideia/ Que, como o acidente em seu sujeito,/ Assim co' a alma se conforma”), o poeta apresenta uma mulher real dando a ideia de entrega ao corpo (“como acidente em seu sujeito”), ainda que, ele reconheça que esse, não é o amor que se deva almejar. Também, faz nos pensar sobre um amor incompleto que, por isso é apenas uma meia ideia (“Mas esta linda e pura semideia”) do amor que ele busca como o perfeito, sem o pecado carnal e sublime. Porém, há uma certa confusão em relação ao seu ideal, pois ao mesmo tempo que ele almeja o amor puro, livre dos pecados carnais, a presença da mulher como físico é uma constante em seus pensamentos, ao passo que no verso: ( Está no pensamento como ideia;/ [E] o vivo e puro amor de que sou feito,/Como matéria simples busca a forma) ele feha o poema retomando o seu verso inicial: o amor que ele já conhece e sabe que existe, está dentro dele como um ideal de amor puro e belo como uma meia ideia do que ele seja , pois para alcançar sua forma perfeita, ele precisa da matéria (mulher).
Assim, o poeta busca conciliar o amor como ideia/ pensamento e o amor como forma física, ambos representado em uma mulher . Camões faz uso do “ser” como recurso estilístico, no qual, o corpo é apenas o meio para se chegar ao amor divino, a sublimação e, em sua última estrofe, ele fecha com a ideia caracterizada do amor puro e espiritual do qual é feito, porém, mantém em sua ideia a matéria, a qual não existe sem a forma, ou seja, uma completando a outra.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Etapa nº 03 - Classicismo - Passo 04

Passo 04

O soneto é uma estrutura poética e que encerra em sua forma um assunto discutido em forma de tese, e por ser uma estrutura curta, exige de seu poeta muita concentração e objetividade.
No soneto em questão, Camões usa muito bem tais características.
No primeiro quarteto, o poeta anuncia o tema e dá os argumentos principais que serão discutidos.
O amor é tratado como uma forma de desenvolver a beleza do espírito e agregar boas qualidades no amador. Este quarteto também deixa claro que nada mais é necessário para o amador do que o amor que ele sente.
Seguindo a discussão, o segundo quarteto traz a objeção ao que foi proposto nos quatro versos posteriores. O eu-lírico nos faz lembrar que por melhor que seja o amor, o ser humano ainda possui um corpo que deseja algo mais e não satisfaz-se apenas da idéia.
O primeiro terceto segue complementando os argumentos do quarteto anterior
e o último terceto concluiu a consideração por dizer que o amador
gostaria de ser feito de puro amor
por inteiro , e como isto não é possível, segue vivendo nas contradições do amor, entre a idéia de tornar-se virtuoso por senti-lo e o desejo de realizá-lo fisicamente.
Este soneto também busca definir a essência do amor, indicando quão contraditório ele é, usando da teoria neoplatonica, embora de forma particularmente camoniana. O autor não defende intensamente o pensamento de Platão, mas o escolhe como trampolim para discutir os efeitos que o amor tem e deve ter na pessoa que o sente.

terça-feira, 9 de março de 2010

Etapa nº 02 - Humanismo

Humanismo – momento histórico e características
Poesia Palaciana. Teatro Vicentino



  • Passo 1

Inês de Castro era filha do fidalgo galego, Pedro De Castro e dama de companhia de D. Constança, essa, era filha do Infante Joaõ Manuel, regente de Castela. D.Pedro I se apaixona por Inês de Castro e assim que sua esposa, D. Constaça morre, os dois passam a expor o relacionamento, a ponto do rei Afonso IV, pai de D.Pedro I, intervir.
O rei convecido por seus conselheiros, permiti o assassinato de Inês de Castro. No entanto, quando D.Pedro I assume o trono, não perdoa as pessoas que a mataram e enfurecido de dor e indignação, aprisiona os assassinos de Inês e ordena que morram com tamanha crueldade , que acaba recebendo o apelido de; “O Cruel” e “O Justiceiro”. Porém, ainda que tenha ordenado a morte dos malfeitores da morte de sua amada, D. Pedro I, não consegue desvencilhar-se do sentimento de perda que a ausência de Inês lhe causa. Então, ele passa a ir às ruas, dançar e confratenizar com o povo, como uma tentativa de esquecer um pouco sua dor.
O capítulo XXVII refere - se ao reconhecimento de D. Pedro I que tivera D. Inês de Castro como sua mulher. No entanto, ele só o fez, passado -se quatro anos que D. Inês morre. Para oficiliazar seu juramento dirigiu-se ao lugar de Cantanhede, e diante do tabelião, do Envangelho e de testemunhas, alegou que, enquanto vivia sob o reino de seu pai em Bragança, tivera D. Inês de Castro como sua mulher diante da Igreja e que ela o recebeu como marido e ele a ela como esposa, vivendo juntos até o dia de sua morte. D. Pedro I diz ainda, que manteve segredo sobre esses fatos por receio e temor ao seu pai, por quanto este ainda era vivo.
No capítulo XLIV, fala do traslado do corpo de D. Inês de Castro para o mosteiro de Alcobaça e da morte de D. Pedro I. O capítulo inicia – se fazendo um breve comentário de como D. Pedro I, passado já alguns anos da morte de D. Inês, ainda sofria com sua perda. Também faz um breve comentário de como iniciou esse amor, enquanto D. Pedro ainda era casado com dona Constança. Como já não podia fazer mais nada por sua amada, ele foi aconselhado a honrar o seus ossos que, jazia no mosteiro de Santa Clara de Coimbra, onde, também eram sepultadas as pessoas mais ilustres de Portugal tais como, os grandes cavaleiros, fidalgos, donas, donzelas e os clerezias. O corpo de D. Inês foi trazido com grandes honras de Coimbra e por todo trajeto, encontravam – se pessoas com círios acesos nas mãos. Foi celebrada ainda, uma grande missa de solenidade e o corpo colocado no mosteiro que D. Pedro mandou fazer para este momento. D. Pedro mandou que fizesse um monumento de pedra branca e que colocassem acima de sua sepultura a imagem de D. Inês com uma coroa na cabeça como se ela fosse uma rainha. Este monumento foi feito no mosteiro de Alcobaça, mas a pedido de D. Pedro I era para ser colocado dentro da igreja ao lado direito da capela – mor, e não, na entrada onde jazia os reis. Ele também mandou construir um outro monumento ao lado deste, para que quando morresse fosse sepultado nele. Após esse feito, D. Pedro I fica doente e começa a se lembrar de como perdou Diogo Lopes Pacheco, devolvendo todos os seus bens. Também fala que D. Fernando, seu filho mantém a palavra de seu pai e cumpre com o que está no testamento de D.PedroI, e a pedido dele manda celebrar as missas e prossições, as quais dá o nome de as Paredes, termo de Leiria com todas as honras que já se viram. D. Pedro I morre aos quarenta e sete anos deixando em seu testamento certos legados, e como seu filho D. Fernando não se encontrava no momento esperaram o seu retorno para que acontecesse o enterro.

Observação: este passo também está resolvido no post de 10 de Março e foi incluído aqui para melhor leitura e correção do professor.


Fontes:
http://www.hs-augsburg.de/~Harsch/lusitana/Cronologia/seculo15/Lopes/lop_pe27.html http://www.hs-augsburg.de/~Harsch/lusitana/Cronologia/seculo15/Lopes/lop_pe27.html

  • Passo 2
O livramente da culpa de D. Afonso se dá na passagem abaixo. Ao se deparar com a morte, D. Inês de Castro implora pela vida e usa seus argumentos para que D. Afonso não a mate. O rei, por sua vez, se comove ao vê-la falar de seus filhos, de sua fidelidade, de seu amor e acaba se rendendo ao seu suplício.

El-rei, vendo como estava
Houve de compaixam
E viu o que nam oulhava
Qu’eu a ele nam errava
Nem fizera traiçam.
Com seu rosto lagrimoso,
Co propósito mudado,
Muito triste, mui cuidoso,
Como rei mui piadoso,
Mui cristaum e esforçado...

A relevância à irresponsabilidade do par amoroso é dada na passagem abaixo, na qual o rei demonstra sua desaprovação de D. Inês como esposa de seu filho, então o aconselhou a não casar-se com ela. Vendo que ele a amava e, por mais que tentasse não conseguiria afastá-los, ameaçou matá-la caso ele não a abandonasse.

Por m’estas obras pagar
Nunca jamais quis casar;
Polo qual aconselhado
Foi El-rei qu’era forçado,
Polo seu, de me matar


  • Passo 3
É interessante observar a presença de convívio entre conceitos medievais e renascentistas em ambas as obras. O convívio é harmonioso, pois alia o conceito renascentista do homem racional ao conceito religioso que preza a religião como forma de ser alguém justo e bom.
No "Auto da Barca do Inferno", a religiosidade medieval é bem demarcada através do uso das alegorias do diabo, do divino, céu e inferno e a discussão da moral e junto a tal também se vê o interesse renascentista em destruir as ilusões dos homens, primando mais a razão do que a emoção e devoção religiosa, e expor a corrupção humana, exemplificando o verdadeiro caráter imperfeito, e não divino e santo, do ser humano. Tal auto também demonstra a nova necessidade de educar e aprender, visto que ao contrário do medievalismo, a sociedade moderna tinha grande interesse em estudar.
A "farsa de Inês Pereira" oferece um retrato da sociedade e do tratamento da mulher da época de transição. Inês é sonhadora, como a virgem pura do medievalismo, e busca um amor cortês, cheio de canção e encanto. Também tinha interesse em ascender socialmente através de seu casamento e viver uma aventura. Porém ela acaba dando-se conta de que todo esse conceito era um engano, que tal amor não poderia existir, e assim abandona suas fantasias para levar uma vida concentrada na realidade e, de certa forma, à sua realização como pessoa, por um lado, realização apenas carnal, mas por outro, uma aceitação de seu ser realista.
Notável é o senso crítico das duas obras ao expor a uma sociedade que vem saindo de um ambiente tão religioso, onde os padres são homens santos e a justiça só é feita por Deus, a corrupção moral que sempre existiu entre os religiosos e aqueles que deveriam zelar pelo bem estar do povo. Isso demonstra um interesse novo pela sociedade da época em saber suas vantagens, visto a ascenção da burguesia, que antes era inexistente e impossível, durante o medievalismo.

terça-feira, 2 de março de 2010

Etapa nº 01 - Trovadorismo


Aula-tema: Trovadorismo – Momento histórico e características.

Cantigas trovadorescas. Novelas de cavalaria – prosa

  • Passo 01
Leia as duas cantigas abaixo, representativas do cancioneiro primitivo galego-português:

Cantiga A:
Martin Codax
(Século XIII)

Mia irmã fremosa, treides comigo
a la igreja de Vig' , u é o mar salido,
e miraremo-las ondas.

Mia irmaa fremosa, treides de grado
a la igreja de Vig' , u é o mar levado,
e miraremo-las ondas.

A la igreja de Vig' , u é o mar salido,
e verrá i, mia madre, o meu amigo
e miraremo-las ondas.

A la igreja de Vig' , u é o mar levado,
e verrá i, mia madre, o meu amado
e miraremo-las ondas

Cantiga B:
Paio Soares de Ta
veirós
(Século XII-XIII)

Como morreu quen nunca ben
ouve da ren que mais amou
e quen viu quanto receou
d’ela e foi morto por en,
ai mia senhor, assi moir’eu!

Como morreu quen foi amar
quen lhi nunca quis ben fazer
e de que lhe fez Deus veer
de que foi morto con pesar,
ai mia senhor, assi moir’eu!

Com’ome que ensandeceu,
senhor, con gran pesar que viu
e non foi ledo, nen dormiu
depois, mia senhor, e morreu,
ai mia senhor, assi moir’eu!

Como morreu quen amou tal
dona que lhe nunca fez ben
e quem a viu levar a quen
a non valia, nen a val,
ai mia senhor, assi moir’eu!

a) identifique qual o tipo de cantiga (de amigo ou de amor) e o ciclo cronológico a que pertencem;

Cantiga A:
Trata-se de uma cantiga de amigo, a qual tem caráter narrativo descritivo sendo que a mulher é quem confessa o seu amor. No entanto, é o próprio trovador o autor desta cantiga. A moça geralmente uma camponesa ou pastora, começa sua cantiga dirigindo-se à sua irmã, (Mia irmãa fremosa, treides comigo nunca bem) depois se refere à Deus, como numa oração (a la igreja de Vig’, u é o mar levado: / e miraremo’-las ondas) dando a entender que o seu amado saiu em missão e que está em alto mar. Seu sofrimento portanto, é de espera por notícias de seu amado. Por se tratar de uma cantiga que transcorre o realismo, poderíamos dizer que a cantiga de amigo de Martim Codax, é de romaria, pois aparentemente ela está em uma igreja, de bailada, pois a cantiga tem uma tenção de diálogo da moça com uma irmã( desabafo), e também de barcarola, já que seu sentimento se dá em relação à ausência do amado,e pelo anseio de não saber o que terá acontecido com ele em alto mar.
A cantiga de Martin Codax pertence ao Ciclo Dionísio (1279 - 1325) e consta no Cancioneiro d'Ajuda.

Cantiga B:
Trata-se de uma cantiga de amor. O trovador expressa o seu amor através de sua cantiga, porém, ela não sabe deste amor ou finge que não sabe. Este amor é impossibilitado por causa da posição social dessa dama que é superior à sua ou por ser comprometida, colocando-se assim na posição de vassalo. O seu idílio (ai, mia senhor, assi) se dá por este amor impossível que acaba se tornando algo espiritual confirmando assim, o amor platônico pela dama intocável.
A Cantiga de Paio Soares de Taverós pertence ao Ciclo Affonsino (1248 - 1279) e consta no Cancioneiro d'Ajuda.

b) indique o sistema de rimas e identifique o refrão;

Cantiga A:
As rimas são dispostas emparelhadas nas estrofes. A cantiga tem um refrão repetitivo como podemos ver nos versos em que, algumas palavras são trocadas por sinônimos (Mia irmãa fremosa, treides comigo, por, Mia irmãa fremosa, treide de grado, e assim sucessivamente), já o verso da 5ª estrofe, está presente em todas as outras mudando apenas de posição do verso, ora aparece no 5º verso, ora no 4º, no 6º e novamente no 4º verso dando musicalidade à cantiga. Quanto à qualidade, as rimas são pobres, pois são muito comuns, como em levado e amado, receou, moi'eu. Denominando assim a cantiga popular.

Cantiga B:
O refrão dessa cantiga é a última frase de cada estrofe, "ai mia senhor, assi moir’eu!"
As rimas são interpoladas ou opostas.

c) para a cantiga de amigo indique a classificação temática usando elementos do texto, para a cantiga de amor identifique e explique como acontece a expressão do “amor cortês”;

Na cantiga de amigo, o eu – lírico é uma mulher, mas ela não é a autora da cantiga e sim, o trovador. A cantiga mostra o desabafo da mulher por estar longe de seu amado e por ter uma vida sofrível. O desabafo é dirigido à outra mulher ou seres da natureza e tem caráter melancólico
No amor cortês, o eu - lírico é masculino e sua cantiga consiste em declarar o seu amor a uma mulher que não pode corresponder ao seu amor por ser uma mulher casada ou de posição superior a sua. Diante desta impossibilidade o eu – lírico contentas-se em apenas vê-la de longe ainda que ele sofra, pois se isso não lhe for possível ele prefere a morte. O nome da amada nunca é revelado. Assim, este amor passa ser espiritual visto que a amada ganha um caráter espiritual e divino.

d) faça uma síntese de cada cantiga.

Cantiga A:
A jovem chama a mãe e sua irmã para ir até a Igreja de Vigo, que é no litoral. Provavelmente, a jovem espera ansiosamente seu amado que viajou pelo mar e espera que possa ver o retorno dele na igreja.

Cantiga B:
O trovador expressa sua coita por sua senhora que nunca lhe correspondeu e o desprezou por preferir a outro. Seu amor é tão grande que ele se vê desgraçado, sem alegria ou sono, e morto.

  • Passo 2
Leia a cantiga de amigo abaixo e explique porque podemos dizer que há aí um sistema que é chamado de paralelismo:
Trata-se de uma cantiga de amigo com refrão repetitivo caracterizado pelo verso (“a las aves meu amigo”) no final de cada estrofe, denominando assim o paralelismo.

  • Passo 03
Na cantiga de amor abaixo, D. Dinis discute o problema da expressão do amor nas poesias provençais, sugerindo certa falta de sinceridade. Usando os elementos da própria cantiga, diga por que podemos chegar a tal conclusão.

Como se vê, trata-se de uma cantiga satírica de maldizer, o trovador dirige diretamente à dona “fea, velha e sandia” com críticas grosseiras e virulentas. Sua estrutura revela nitidamente o caráter popular desse tipo de cantiga. Ele a ridiculariza, mesmo sem merecer. A interlocutora sabe de seus defeitos, entretanto anseia ser cortejada por um jovem trovador.
Já o amor cortês é uma confissão amorosa do trovador que padece por cortejar uma dama inacessível.

  • Passo 04
Explique, usando elementos do texto, porque podemos dizer que a
cantiga abaixo é uma paródia à teoria do amor cortês e às suas exigências:

O trovador diz que a Provença pe muito linda, tem uma estação do ano cheia de flor e cor e que os trovadores provençais não deveriam sofrer tão intensamente quanto os demais.
Vê-se isso pelo trecho "Os que trobam no tempo da frol e non em outro sei eu ben que non an tan gran coito no seu coraçon."
  • Passo 05
Tendo em vista o fato de o “amor cortês” caracterizar-se justamente pela impossibilidade de união real entre os dois amantes, diga em que consiste a “falta” que define as relações amorosas das novelas de cavalaria. Explique isso exemplificando com a história de Tristão e Isolda. (BÉDIER, Joseph. O romance de Tristão e Isolda. São Paulo: Martins Fontes, 2001)

Tristão e Isolda são fadados a amarem-se intensamente, o que constituí seu maior pecado. Esse amor os leva recorrer à medidas extremas para que possa ser saciado.
É a verdadeira síntese do conceito de que o amor verdadeiro, puro e cortês é aquele irrealizável, já que os personagens sofrem e morrem em vista da real realização carnal e emocional de seu amor, que, proibido, é perseguido e encarado como errado pela sociedade. Mesmo o Rei Marcos julga severamente aos amantes, apesar de muito os querer bem, sem poder permitir que fique impune o pecado que cometeram.
O notável é que, diferente das cantigas, as novelas de cavalaria revelam que muitos dos romances proibidos e secretos na corte se realizavam, embora sempre haja uma grande punição prevista. Também é importante observar a desculpa dos amantes de nutrirem tal doentia paixão um pelo outro: como bem requer a mesura, os dois na verdade estão na situação inescapável de amarem-se por causa do filtro mágico da Rainha. Só desta forma seria aceitável que tal amor fosse sentido e realizado.

  • Passo 06
Descreva, sucintamente, o argumento de A Demanda do Santo Graal e explique o significado do episódio intitulado “A tentação de Galaaz” (in: MOISES, Massaud. A Literatura Portuguesa através dos Textos. 28ª ed. São Paulo: Cultrix, 2002) para a configuração de um tipo específico de cavaleiro
medieval.

A obra "A Demanda do Santo Graal" se baseia na busca dos cavaleiros pelo Cálice Sagrado da Última Ceia onde foi recolhido o sangue sacrificial de Jesus Cristo, segundo misticismo cristão.
É uma grande exaltação das qualidades nobres que um cavaleiro precisava possuir e a busca pela relíquia significa a busca da perfeição.
Galaaz é o cavaleiro exemplar que conta com a sorte que advém da providência divina, visto sua grande piedade. sua pureza era tão superlativa, que dentre todos os caveleiros, foi o único eleito a vislumbrar a glória do vaso sagrado, e ao morrer, o Paraíso Celestial abriu-se para ele e foi recebido pelo também Virgem Josefes.
Podemos dizer assim, que Galaaz tipifica o cavaleiro cristão puro fisíca e espiritualmente, provado em todas as tentações da carne e do demônio pelo qual passou, e único merecedor da dádiva do paraíso.

Referências

BRAGA, Teophilo. História da Litteratura Portugueza. Porto: Chardon, 1909. Edad Média. Acesso em: 03 mar 2010, 00:17


MOISÉS, Massaud (org.) A literatura portuguesa através de textos. São Paulo: Cultrix, 1997.

Seguidores